TEATRO PARA DANÇAR

segunda-feira, 13 de maio de 2013

NÃO SE TRATA DE DEFINIR SE UM ESPETÁCULO É BOM OU RUIM, MAS SE TEM ALMA OU NÃO!


O espetáculo “Viagens de Américo”, monólogo de Ricardo Amorim, pesquisado a partir da obra do historiador Márcio Werneck, mostrou uma possibilidade bem acabada de um teatro genuinamente local, com tendência a ganhar os palcos pelo Brasil a fora. Com um trabalho dramatúrgico interessante é daqueles espetáculos que, se tratado com carinho pelos fazedores do mesmo, pode construir uma bela história por si só.

Com ótimo acabamento artístico, o espetáculo "Viagens de Américo" tem grande potencial futuro e já deu a largada,
dizendo a que veio.
Em primeiro lugar, a primorosa cenografia, limpa, simples e direta, combina com o estilo demonstrado no palco, uma cadeira multiuso é explorada, ainda que, timidamente pelo ator, e dá ao espetáculo instigante composição visual deixando o público curioso para saber o que acontecerá nos próximos 40 minutos. A tonalidade de branco, a partir da cor das folhas de papel espalhadas pelo chão com um figurino, não menos interessante, e que, através de um tom quase salmão, compõe uma visualidade quase celestial da figura de Américo Vespúcio.
A maquiagem segue a tendência do figurino, explorando tons em branco, com uma espécie de pó branco que se espalha pelo palco criando um efeito de luz conforme os refletores vão interagindo com a cena.
Em que pese o belo visual do espetáculo e a harmonia entre as linguagens de luz, maquiagem e cenografia, o que se pode ver é que, na arte de ator, o trabalho ainda carece de mais pesquisa e seu crescimento é extremamente possível, obviamente, se Ricardo Amorim atentar para as técnicas que a cena por si só, sugere. Falta uso mais intenso da mímica corporal e recortes mais definidos entre fala e personagem. É um trabalho com potencial para solo narrativo, mas que ainda não se assenta totalmente nessa linguagem, já que as cenas oscilam entre marcações clássicas e arroubos contemporâneos na forma de mover-se no palco.
Em outras palavras, eu diria que, o espetáculo está no caminho certo e contém os elementos necessários para encantar e o que posso recomendar é mais ousadia no palco, pois, o espetáculo tem a víscera que precisa para encantar plateias de todo o Brasil.